
No fim-de-semana, convidei uma amiga para ir à praia. Isto não teria nada de extraordinário se não fosse parar a uma ilha deserta a apanhar OSTRAS. Depois de um passeio de barco, lá saltei para a ria, com a água pela cintura imitando os meus acompanhantes. Tudo estava a ser engraçado até ao momento em que me deparo com o fundo todo verde e objectos não identificados que me paralizaram. Naquele momento, não sabia se ficava parada ou se fugia. A questão era para onde? se estava rodeada de algas e coisas que me provocavam pánico? Para piorar a situação os chinelos (calçado pouco apropriado para esta tarefa, supostamente agradável!!!!) se enterravam no fundo e saiam dos pés, turbando a água. Lá vinha alguém procurar o dito chinelo devolvendo-mo. Como não queria dar parte fraca, senti necessidade de fazer muito do percurso a nado, sem olhar o fundo, evitando pensar que poderia lá estar alguma coisa que justificasse aquele stress.
Não consigo explicar o medo que senti e muito menos o porquê. As pessoas que estavam comigo, movimentavam-se naturalmente sem medo e sem receios. Eu ali estava, omitindo uma vontade de voar e, ao mesmo tempo, furiosa por não conseguir disfrutar do momento.
Sempre senti medo deste tipo de situações, nadar em sitios que não vejo o fundo, mesmo que tenha pé. Quantas vezes, me pergunto se algum momento da minha vida ou vidas passadas (!!!!) passei por alguma situação desagradável! O certo é que não me lembro. Apenas de cair num tanque cheio de água (1,50 metros) quando tinha 11 ou 12 anos, poderá justificar o medo que sinto de mergulhar. Que passei uma infância vendo cobras perto desse tipo de tanques (onde se lavava a roupa e regava as hortas) é uma verdade. Que os filmes em que turabões atacam pessoas me impressionam e evitem que nade, descontraidamente, em alto mar, também é uma evidência. Agora que sinta medo deste tipo de coisas não consigo explicar. O certo é que me vi numa situação que tinha de agir e não valia a pena gritar, apenas tentar sair dali sem grandes "filmes"....
Apesar desta aventura parnóica, adorei a experiência de aprender apanhar ostras e berbigão e compreendo perfeitamente o preço que se paga por este tipo de iguarias.