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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A vizinha


Enquanto fumava um cigarro à varanda do 5º andar, algo me chama a atenção. Uma Senhora, saboreando a idade da reforma, olhava para a rua vendo o movimento desta avenida que, não só é rotineiro como pouco ou nada tem de interessante. Ao vê-la senti uma nostálgica saudade do meu passado, onde o estar à janela era algo que me tirava do sério ou mesmo me levava a arranjar estratagemas para não ter de ser vista por aqueles seres humanos, demasiados curiosos para o meu gosto. Não que o fizessem por maldade, mas o simples prazer que lhes dava em saberem tudo sobre a vida dos outros.

Muitos anos passaram e eu, como pouco curiosa que sou, também me delicio a olhar para a(s) rua(s), quando não é para a casa dos outros, numa tentativa de analisar a sociedade da qual faço parte, isto enquanto fumo um cigarro.

A minha mera curiosidade não é, de maneira alguma, "coscuvilhice". A mim não me interessa o que realmente fazem, mas sim analisá-los como seres semelhantes ou diferentes. Fazem-me pensar nos hábitos sociais das várias gerações que se repetem, apesar da grandeza ou pequenez da terra.

Deslumbra-me observar o frenesim das grandes cidades, aquele corre corre aparentemente incansável, o atropelamento de seres, a velocidade descontrolada de que não há tempo para nada. Deslumbra-me olhar a lentidão das gentes da aldeia em que o tempo tem outra medida, outro sabor. Ambos me enriquecem, ambos me chamam para acordar ou adormecer....

O que pensará a vizinha que, por entre a cortina, olha o mundo lá de dentro?

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